segunda-feira, 15 de março de 2010

COLOQUIO SOBRE A MUTAÇÃO JASPE

Como tinha dito,no domingo fui até Lisboa levar a minha filha,como tal aproveitei para passar á volta por Almada,para assistir ao coloquio sobre a mutação Jaspe.
Quando cheguei á sala na junta de freguesia de Almada,onde se realizou o coloquio eram já 3h da tarde.Como é evidente já tinha começado,mas penso que ainda fui a tempo de poder apreciar,e perceber algumas das caracteristicas desta mutação,diferente de todas as outras,segundo os dois criadores é uma mutação autosomica semidominante.Penso que na diluição simples já temos exemplares de muito bom nivel,mas na dupla diluição ainda há muito trabalho a fazer.
Quando cheguei era o SrºJosé Antonio Abellan, criador responsável pelo desenvolvimento da mutação Jaspe nos canários de cor,que estava a falar.Depois dele esteve o SrºGrimaldi,e por fim para encerrar este coloquio,o SrºJosé Fernandes presidente do Clube de Almada,agradeceu a presença de todos.

Depois de ter sido aprovada no Mundial de Italia do ano passado,este ano a mutação Jaspe não foi aprovada no Mundial de Matosinhos,como tal terá que começar de novo em França,porque para que uma raça seja homologada pela C.O.M.,terá de ser aprovada 3 anos consecutivos em Mundiais.

BREVE HISTORICO

Em 1995, Abellan adquiriu na exposição internacional de Régio Emilia um macho diluído de Pintassilgo sul-americano (Carduelis megallanica), conhecido na Espanha como “cabecita negra”. Através do cruzamento deste pássaro com inúmeras canárias verde intenso e azul, obteve muitos machos diluídos já nas primeiras cruzas. O cruzamento destes F1 com canárias foi um tanto trabalhoso pois no primeiro ano nenhum deles demonstrou fertilidade, fato que dois anos depois se mostrava o contrário. Abellan começava ali a transmitir o fator de diluição ocorrido no pintassilgo para os canários de cor. Em 2003 já com a geração F4 do pintassilgo diluído adquirido em 1995, Abellan notou que já estava lidando com canários de cor, e que em sua grande maioria, os machos mutados provenientes dos F3 eram fecundos, tanto os machos como as fêmeas também. Estava pronto o ponto de partida para a transmissão do fator jaspe para as outras melaninas. Pois a geração F4 já não carregava as características do pintassilgo, como cabeça preta e outras.
Após 12 anos do primeiro acasalamento, a mutação jaspe já é uma realidade concreta no criadouro de Abellan como em inúmeros criadouros da Europa. No ano de 2005, em posse da quinta geração (R4) de Jaspes, não restando mais dúvidas de que eram canários mutados, Abellan começa a transmitir o fator para as outras melaninas como ágatas, canelas e isabelinos.
O fator vermelho foi introduzido através do cruzamento com o Tarin da Venezuela, estando hoje já implantado também nas várias melaninas.

CARACTERISTICAS E GENÉTICA:

A mutação Jaspe é muito diferente na forma de atuar comparada às ultimas mutações reconhecidas, ônix e cobalto. O jaspe em sua simples diluição possui uma genética completamente fora dos padrões que conhecemos, em nosso dia-a-dia com canários. Uma transmissão batizada por Abellan de dominância parcial, ou seja, do acasalamento de um Jaspe puro com canária normal já se obtém machos puros e fêmeas puras na prole. Fato curioso nesta hereditariedade, é não existir o portador, os filhotes normais deste acasalamento não portam a mutação. Em conversa com o Juiz OMJ e biólogo Sr. Rafael Cuevas, conheci o verdadeiro nome deste fator de transmissão, genética, conhecido pelos geneticistas como semi-dominância.
Do acasalamento de dois exemplares puros se obtém 50% de Jaspes puros, 25% Jaspes dupla diluição e 25% de clássicos normais não portadores.
A mutação jaspe reduz fortemente a eumelanina, e ao contrário dos asas-cinza, também reduz fortemente a feomelanina pois vem acompanhado do factor de refracção azul, eliminando esta última nos exemplares mais diluídos.
Em momento algum devemos confundi-lo com o asas-cinza, pois sua diluição é completamente diferente, sendo esta comparada no então ressaltado por Abellan, “padrão alar”, onde se repara que no jaspe, a eumelanina se dispersa em toda pluma, fato que no asas-cinza ela é diluída e se concentra na borda das
penas. Devido a esta diferença, não se observa no Jaspe o perolado do asas-cinza. Esta diluição, provoca no jaspe um efeito metálico impressionante. Suas estrias são finas e a cor de fundo se torna bem evidente devido a forte dispersão da eumelanina.
Em fato, o jaspe provém de uma mutação ocorrida em um outro tipo de pássaro e introduzida no canário de cor.

Não é a primeira vez em que uma característica que provem de um outro tipo de pássaro entra no patrimônio genético do canário de cor, temos o exemplo do fator vermelho e do mosaico. O jaspe dispersa fortemente a eumelanina e reduz a feomelanina (a cor de fundo do negro-marrom jaspe se aproxima do tipo ágata). O fenótipo difere muito das outras mutações que se conhece nos canários de cor.
Estas observações devem ser bem ponderadas e com muita precaução, porque o Jaspe ainda está no início da sua criação.

O Reconhecimento
O Jaspe já foi exposto duas vezes em campeonatos nacionais da Espanha e deve ser apresentado no nacional deste ano pela terceira vez, para a apreciação da Comissão Técnica de Juizes da Federacião Ornitológica Cultural Deportiva Espanhola. Esta terceira mostra em campeonatos nacionais é o prazo máximo para ser reconhecido na Espanha. Ocorrendo a homologação por parte dos Juizes espanhóis, este deve iniciar uma nova etapa de apresentações, que pelo regulamento, deve ser de três anos, em campeonatos mundiais oficiais da C.O.M. O jaspe foi exposto na Exposição internacional de Reggio Emilia, sendo muito elogiado por Juízes e criadores.

Um dos grandes simpatizantes da mutação Jaspe, Juiz O.M.J., o belga Johan Van Der Maelen admira a nova mutação e alerta a quem ainda não conhece o pássaro, a não adotar nenhuma opinião antecipada. Segundo Van der Maelen o Jaspe tem fortes chances de ser homologado pela C.O.M. em alguns anos.
Mas esta é uma opinião pessoal.
Eu, particularmente, não enxergo grandes chances nas várias melaninas, a exemplo do canário asas-cinza, o Jaspe, se for homologado, deve se fixar apenas nos Negro-marrons.
Nesta sim, o Jaspe se mostra um canário típico mostrando, as mais recentes gerações, manter as características hereditárias da mutação.
É fato que a opinião dos Juizes espanhóis é muito mais positiva comparada à opinião dos Juízes especialistas da O.M.J.
Mas devemos esperar e torcer para que o amigo Abellan e os demais criadores do Jaspe consigam a tão almejada homologação. Se for considerado, o trabalho destes criadores e a paixão com que eles abraçaram esta causa, o Jaspe seria reconhecido com toda certeza. Abellan já possui em seu criadouro mais de 300 exemplares Jaspes puros, respondendo a uma das exigências da homologação oficial da cor, que trata da perpetuação da mutação.
Como este tramite oficial leva algum tempo, no próximo artigo que faremos, abordando a dupla diluição, com certeza teremos mais novidades a respeito da homologação do Jaspe por parte da O.M.J.-C.O.M. (hemisfério norte).

Fonte: Brasil Ornitológico

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